Palavras Domesticadas

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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

CBGB - A Casa do Rock


Em 07/08/88 a coluna dominical Rio Fanzine, que era publicada em O Globo, trazia uma matéria sobre uma importante casa de shows de Nova York: a CBGB. Escrita pelo seu editor, Tom Leão, a coluna que ganhou o título de “A melhor casa suspeita de Nova York” dizia:
“Num dos melhores discos do Talking Heads, “Fear of Music”, de 1979, o vocal demente de David Byrne dizia/cantava na faixa “Life During Wartime/Vida em Tempo de Guerra”: “This aint't no foolin' around. This ain't no party, this ain't no disco, this ain't no foolin' around. This ain't got time for thatnow'. Ou trocando em miúdos, “em tempo de guerra não há festa nem discoteca, nada de Mudd Club ou C.B.G.B. (dois famosos clubes da noturna novaiorquina), em suma, não rola diversão.
Aproveitando a deixa e transformando-a em trocadilho, o jornalista Ruman Kozak escreveu um livro contando a história do CBGB e batizou-o “This ain't no disco”, para deixar bem claro que lá a discoteca nunca teve vez (o clube floresceu com o punk em plena era disco) e também homenagear a banda que foi uma das primeiras a fazer a fama do lugar. E This ain't no disco”, lançado no mês passado pela Faber & Faber (importado) é um livro imprescindível na estante de de todo aquele que curte a cena musicalda Big Apple, que militou no movimento punk ou simplesmente é estudioso da cultura rock.
“Eu abri a CBGB porque achei que a country music ia ser o grande lance. E foi, mas não lá.” Esta frase dita por Hilly Cristal, o proprietário do lendário point, abre o primeiro capítulo do livro, que logo no último parágrafo explica o significado da sigla CBGB/OMFUG, impresso em grandes letras negras no castigado toldo à entrada do clube. Como a intenção de Cristal era abrir uma casa de country music (logo onde, na Bowery, umas das ruas mais barra-pesadas da ilha de Manhattan nos anos 70) ela foi batizada “Country, Bluegrass, Blues, and Other Music For Uplifting Gourmandizers”. Só que a intenção ficou apenas no nome. Desde que abriu o lugar em 1973 (embora tenha comprado o imóvel em 1969 pela mixaria de 20 mil dólares), o clube jamais apresentou uma só atração de country music ou similar. Primeiro porque os apreciadores do estilo não frequentavam a região do East Village, na época, já um reduto dos alternativos e duros (os alternativos ricos foram para o SoHo). Segundo, porque existiam várias casas do gênero em outros pontos da ilha com freguesia certa. O mesmo que vender gelo no pólo norte. E quinze anos depois, embora sem a mesma efervescência que tomou conta do lugar por toda a metade da década passada, ele mantem-se como um templo por onde passaram todos os nomes importantes do rock americano nos últimos tempos. Foi lá que uma bandinha no estilo das girl-groups da Mottown, The Stillettoes, com uma loirinha chamada Deborah Harry e um guitarrista chamado Chris Stein se transformou no Blondie. Foi lá que um bando de universitários vestidos que nem bancários e com o nome esquisito de Talking Heads propagaram pela primeira vez suas avançadas ideias. Lá, outra brilhante cabeça, Tom Verlaine, provocou fricção com o Television. Foi lá que um bando de alucinados e revoltados com o marketing “new wave”, criado para abafar o punk rock, entre eles James White e Arto Lindsey criaram o No Wave. E foi lá também que uma turma de cabeludos de jeans rasgados e sem nenhum parentesco entre si, uns tais Ramones, gritavam “Gabba-gabba-hey!”e ativaram o tal do punk rock. Só
isso.”

Hoje, mais de 22 anos após escrita a matéria, creio que o CBGB não mais existe – acho que li algo a respeito, mas sei da importância do lugar, pois durante anos li matérias falando de shows acontecidos por lá. Pelo texto acima, dá pra ver que o CBGB fez história.

Um comentário:

  1. conheçi as histórias e lendas do CBGB através dos Ramones, depois começei a ouvir Talking Head, Television, todas essas bandas que começaram nessa famosa casa de show, que na minha opnião tinha que ser tomabado como patrimonil cultural dos EUA, mas pelas últimas notícias que vi o local foi fechado por falta de receita para sua manutenção, o que é uma pena, um museu ou algo parecido seria muito legal no CBGB.

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