Palavras Domesticadas

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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Eduardo Araújo - 1975


Em 1975, Eduardo Araújo fazia um rock da melhor qualidade. Estava lançando um excelente disco: Pelos Caminhos do Rock, e fazia parte de um grupo de artistas que surgiram na Jovem Guarda, e após o fim do movimento continuaram fazendo rock, de uma forma mais madura e radical. Hoje ele nada lembra o cantor de rock que já foi. Costuma se apresentar com um chapelão de vaqueiro, cantando um country meio sertanejo e chato. Mas seu passado é glorioso, como cantor e compositor que fazia soul e rock de primeira. Não é à toa que na época, a revista Pop fez com ele uma matéria intitulada "Eduardo Araújo Rockeiro de Corpo e Alma":

"Rockeiro que não evolui perde público". É assim que Eduardo Araújo, um cara que, na época da jovem guarda já levantava muita poeira na estrada do rock, explica as mudanças que sua imagem vem sofrendo de uns tempos para cá. "Na verdade, essa mudança começou há alguns anos. Quando o pessoal da Jovem Guarda saiu do iê-iê-iê e entrou na onda da musiquinha romântica tipo dor-de-cotovelo, eu caí fora e comecei a fazer o 'bolero eletrificado', que era uma música muito mais brasileira. E mandei brasa em "Maringá" e "Chuá-Chuá", por exemplo. Depois evoluí bastante tocando guitarra e passei a elaborar novos arranjos. Estou sempre acompanhando o movimento da música que se faz lá fora, mas acho que o nosso rock tem de ser diferente, autêntico."

Para ele, rock não é apenas ritmo, mas toda música que se faz hoje para os jovens. Uma música com mensagem e que pode ser até samba: "O Milton Nascimento é um dos melhores rockeiros do Brasil". Entusiasmado com seu novo show, que já apresentou no Rio e em São Paulo e vai agora para todas as capitais, e com o LP Pelos Caminhos do Rock, que tem até som latino, Eduardo Araújo mostra uma fé inabalável no sucesso do rock brasileiro: "Os rockeiros ainda são perseguidos e têm muitos problemas com a censura. Mas é só a gente resolver certos grilos, e o rock vai estourar de verdade por aqui". Ele acha que, é preciso liberar festivais ao ar livre para o público conhecer os conjuntos novos, já que as gravadoras pouco se interessam por eles.
Provando que acredita realmente nesse trabalho jovem, Eduardo Araújo acaba de fundar a Pirata Gravações Musicais, que vai botar muito rock novo na praça. "Mas é importante também que os músicos simplifiquem os arranjos, fazendo um rockão com raízes brasileiras, que leva o público a participar. Daí pra frente, ninguém consegue segurar o movimento: "A não ser que os rockeiros insistam em continuar agindo dessa maneira, tão desunidos. "Mas a gente precisa dar uma grande força. Afinal, alguma coisa tem de acontecer com a juventude brasileira."

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