Palavras Domesticadas

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terça-feira, 3 de abril de 2012

Emoções Baratas - The Who


O The Who é uma banda que desperta paixões. Já li e ouvi vários depoimentos apaixonados de fãs da banda inglesa. E, sem dúvida, os elogios são mais do que merecidos, pois o The Who pode ser considerado um capítulo à parte na história do rock. Um desses depoimentos eu reproduzo abaixo, de uma seção chamada Emoções Baratas, publicado no Rio Fanzine, do jornal O Globo, de 23/11/86. A declaração apaixonada é do repórter e fotógrafo Carlos Albuquerque:
" Emoções Baratas, você sabe, é aquela escolha aleatória, feita por pura emoção, sem compromisso com lançamentos, novidades e modas sasonais. Uma dica louca para temperar o domingo, acelerar o coração, Carlos Albuquerque é quem dá a bandeira hoje.
O Who forma com os Beatles e os Stones a Santíssima Trindade do rock and roll. Eu não me conformo com o fato de as pessoas sempre mencionarem os outros dois e se esquecerem do Who. Paciência. No início dos anos 60 na avalonesca Inglaterra, as tribos se faziam presente e, para variar um pouco, se engalfinhavam: os Beatles eram teddy-boys, os Stones eram rockers e o Who eram mod. Os três, numa questão de segundos, romperam esse frágil enquadramento e rumaram em direção à galáxia dos (reais) megagrupos.
O que era o o que é o The Who? Simplesmente a genialidade de um D'Artagnan (Pete Townshend) e seus três magníficos mosqueteiros (o vozeirão de Roger Daltrey, os dedos de trovão do virtuoso John Entwistle e a indomável bateria de Keith Moon). Isso é história, queridos. Pode-se esquecer, mas mudar, jamais.

Em 1965, ao lançar seu elepê de estreia, o Who era como um diamante bruto que o tempo se encarregaria de lapidar. Originalmete em mono e com um delicioso clima de garage-sound 'My Generation' se mostrava interessantíssimo. Desde a sonoridade beatle ('The Kids Are Allright') ao bluezaço ('I'm a Man'), das covers de James Brown ('I Don't Mind' e 'Please Please') a uma infernal jam-session instrumental ('The Ox'). No meio disso tudo 'My Generation', a canção-título, que se tornou um clássico do Who e por tabela do rock an roll, com os versos que atormentaram Townshend a vida inteira: 'I hope I die I get old'.
A profecia felizmente não se concretizou. O tempo passou e com ele vieram as rugas, o Who acabou. Moon morreu.
Uma linda história. Sem fim."

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