Palavras Domesticadas

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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Bob Marley no Brasil - 1980

Bob Marley esteve no Brasil uma única vez, em março de 1980. Não veio para cantar, e sim participar de uma festa de lançamento da gravadora Ariola, que passava a representar por aqui sua gravadora, Island Records. Se não propagou por aqui através de sua música, a filosofia rastafari e o ritmo do reggae, Marley pôde fazer o que mais gostava depois da música: jogar futebol. Aproveitando que um dos contratados da nova gravadora, Chico Buarque, também era um amante e praticante do esporte, além de ser proprietário de um famoso campo de peladas, foi marcada uma partida para brindar o famoso visitante, afim de deixá-lo bem à vontade em sua estada em nosso país. O fanzine Massive Reggae, especializado no ritmo jamaicano fez uma matéria relembrando a visita de Marley ao Brasil. Seguem alguns trechos:
"Bob Marley, Junior Marvin (vocalista do Inner Circle), Chris Blackwell (diretor da Island Records) e a esposa Nathalie vieram ao Brasil em um jato particular para participar da festa que inaugurou as atividades do selo alemão Ariola no país. Chegaram no Aeroporto Santos Dumont às 18h30min do dia 18 de março, terça-feira. Logo foram cercados pelos repórteres. Bob era mais conhecido na época por ser o autor de 'No Woman No Cry', música que havia vendido 500 mil cópias na versão de Gilberto Gil. Suas primeiras declarações foram sobre a música brasileira: 'O samba e o reggae são a mesma coisa, têm o mesmo sentimento das raízes africanas.'
No dia seguinte, pela manhã, eles trataram de dar algumas voltas pela Cidade Maravilhosa e fizeram questão de conhecer a favela da Rocinha, que acharam bastante parecida com os guetos da Jamaica. Depois os três partiram para as compras e percorreram as lojas de material esportivo atrás de uniformes e outros equipamentos. Os instrumentos musicais também não foram esquecidos e os três rastas levaram violões, maracas, atabaques e cuícas. Os artigos esportivos tiveram a sua estreia no campo de Chico Buarque.
O trio jamaicano chegou às 16h no km 18 da Avenida Sernambetiva - três horas atrasados - quando os funcionários da Ariola jogavam animadamente contra alguns dos contratados da gravadora no Brasil, como o anfitrião Chico Buarque, Toquinho, Alceu Valença e outros. Logo que eles chegaram os times foram rapidamente rearrumados e ficaram assim: Bob Marley, Junior Marvin, Paulo César Caju, Toquinho, Chico e Jacob Miller de um lado; e do outro Alceu Valença, Chicão (músico da banda de Jorge - ainda Ben) e mais quatro funcionários da gravadora.
Antes de começar o jogo, Bob ganhou uma camisa 10 do Santos, e sorriu, dizendo 'Pelé', para depois explicar que jogava em qualquer posição. Mas ele foi mesmo para o ataque e o placar foi de 3 a 0 para o seu time, com gols dele (documentado pela TV), de Chico e de Paulo César. Este, que jogou na copa de 70, foi o mais festejado por Bob, que lhe disse: 'Sou fã de seu futebol', ao que Paulo César respondeu, 'E eu de sua música'. Bob lembrou o campeonato mundial que marcou a ilha do reggae: 'Rivelino, Jairzinho, Pelé... O Brasil é o meu time. A Jamaica gosta de futebol por causa do Brasil'. Mas a principal razão para a vinda dos jamaicanos era a big festa da gravadora e logo que o jogo acabou eles voltaram para o hotel."

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