Palavras Domesticadas

Palavras Domesticadas

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Neil Young - A História Definitiva de Sua Carreira Musical

Os lançamentos literários sobre o rock ainda são muito restritos no Brasil, apesar de nos últimos anos esse panorama ter experimentado uma boa melhora, com alguns lançamentos interessantes. Mas a verdade é que se formos comparar com os muitos lançamentos de livros de biografias ou resenhas relativas ao mundo do rock que são lançados no exterior, e não traduzidos e lançados por aqui, veremos que ainda caminhamos muito timidamente nesse filão literário. É certo que muitos livros lançados lá fora não são merecedores de crédito, porém separando o joio do trigo, dá pra se salvar muita coisa. Muitos músicos importantes nunca tiveram uma boa biografia lançada por aqui, seja através de traduções de edições estrangeiras, ou mesmo escritas por algum jornalista ou pesquisador brasileiro. Um exemplo é Neil Young.
Porém, num passado não muito distante, em meados dos anos 90, podiam ser encontrados por aqui, livros importados de Portugal trazendo importantes biografias, principalmente da editora Assirio e Alvim. Com a moeda brasileira, o recém-criado real, bem valorizado na época, e com a vantagem de não haver necessidade de tradução (embora o português de Portugal às vezes merecer um glossário) a importação desses livros se tornou bem viável para o público consumidor da literatura sobre o rock, e em uma coleção de vários títulos, intitulada Rei Lagarto, pude adquirir a única biografia de Neil Young lançada em língua portuguesa a chegar aqui no Brasil: "Neil Young - a história definitiva de sua carreira musical", do jornalista americano Johnny Rogan. Fartamente ilustrado (todas as fotos dessa postagem foram extraídas do livro), a obra de Rogan traz um excelente trabalho de pesquisa sobre a vida e a carreira de Neil Young, desde o seu mais distante envolvimento com a música, falando de todas as bandas em que atuou, sua vitoriosa carreira-solo, além de seu envolvimento com causas sociais. Em sua introdução, o autor escreve:
"Este livro foi escrito com o propósito de mostrar o desenvolvimento de Neil Young, desde os tempos em que era apenas um garoto tímido e amante da música, até se tornar um dos artistas de rock mais respeitados do mundo. É mais uma apreciação crítica de Young como músico do que um testemunho de sua vida privada. É esta perspectiva que dá unidade ao livro e traça a história musical de três décadas turbulentas."
O livro traz vários depoimentos de amigos e parceiros, como Stephen Stills: "Neil é verdadeiramente o melhor amigo que tenho no mundo. Se queres mesmo saber o que penso do Neil, há uma canção que ele escreveu sobre mim, chamada On The Way Home , que saiu no último álbum dos Sprinfield. É isso mesmo que somos um para o outro."
David Crosby, futuro parceiro de Young no quarteto Crosby, Stills, Nash & Young, e que na época em que Young fazia parte do Buffalo Springfield, atuava na banda The Byrds também fala do companheiro: "Conheci o Neil no Whisky A GO Go , uma vez que Chris Hillman me levou para ouvi-lo. Achei que ele era mesmo bom. Podia cantar melhor, mas tocava guitarra extremamente bem. Ele e o Stills faziam um dueto de guitarras, na minha opinião, fantástico."
Não poderiam faltar, logicamente, declarações do próprio Young, como uma forma de entendê-lo como músico, artista e pessoa, como o seguinte depoimento, que o define, e nos faz conhecê-lo um pouco melhor: "Quando escrevo canções, acho que escrevo sobre uma parte de mim que ignoro. Escrevo aquilo que sinto dentro de mim e por mais pessoas que estejam à minha volta, continuo a falar de todas as coisas que se passam dentro de mim. Acho que ao falar disso me sinto melhor. Só que, no meu caso, falo sobre esse tipo de sensações mais do que qualquer pessoa que conheço, e não param de me assaltar todas essas imagens. Não sei de onde vêm, sei apenas que vêm. Tudo o que escrevo... até quando estou feliz, escrevo acerca da solidão. Não sei porque. As imagens que escrevo... realmente não sei de onde vêm. Vejo as cenas diante dos olhos e pronto. Às vezes, não consigo ver nada, mas se fico numa boa, ou apenas me sento à espera, de repente lá vêm elas de novo - como que brotam de uma fonte. Só tenho que estar com a dispoição adequada. É como ter um orgasmo mental."

Nenhum comentário:

Postar um comentário