Palavras Domesticadas

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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Revistas Legais - MPB Ivan Lins

Ivan Lins é um cantor e compositor que eu admiro desde minha pré-adolescência. Lembro que quando tinha 12 anos admirava muito suas músicas que tocavam no rádio. Seu primeiro LP, chamado "Agora, Ivan Lins" trazia músicas que me eram bastante agradáveis aos ouvidos.
Sobre o disco, Ivan disse, dez anos depois: "Foi um dos meus LPs que mais venderam. Teve a seu favor todo o aparato do programa "Som Livre Exportação", que ia ao ar pela TV Globo, então foi um disco de muita repercussão e deu um primeiro grande impulso à minha carreira." Encontrei esse LP recentemente, em bom estado, e lembrei um pouco daquele período de minha vida. Do disco constam músicas como "Agora", "Madalena", "O Amor É O Meu País", "Salve, Salve Aleluia" (a minha preferida na época) e uma música que não chegou a fazer sucesso, mas que também se destacou, chamada "Emi".
Apesar de boa, a revista traz uma grande bobagem, escrita pelo jornalista responsável pelo texto. Ao falar sobre o festival que impulssionou o nome de Ivan, com "O Amor É O Meu País" ele diz: "A vencedora do V FIC foi a ridícula 'BR-3', da dupla Antonio Adolfo e Tibério Gaspar, massacrada por Tony Tornado." A música BR-3 é ótima, e mereceu ganhar o festival, e a interpretação de Toni Tornado foi bem marcante e reveladora.
A projeção que o festival deu a Ivan Lins fez com que a TV Globo, que buscava um ídolo de massas para apresentar um novo programa musical, visse nele o personagem que procurava: "Da noite para o dia, sem transição, virei um ídolo. 'Madalena', que eu gravara antes do FIC, a partir daí também estourou no país inteiro, tanto na minha interpretação como na de Elis". Alguns anos depois, Ivan admitia que na verdade foi usado pela ditadura para fazer a juventude se desligar e esquecer os graves problemas que o país atravessava - era o auge da ditadura militar. Ivan era universitário, tinha ótima presença de palco, suas músicas eram bem construídas e sem mensagens políticas aparentes. Isso ajudou a criar para ele uma imagem de alienado. Ivan só veio se conscientizar dessa condição ao dar uma entrevista para o jornal O Pasquim, em que se viu pressionado a admitir sua condição de alienado político, numa época em que a esquerda cobrava dos artistas um posicionamento. A respeito dessa entrevista, Ivan, em depoimento à revista revela: "Devorei livros e comecei a entender o processo político brasileiro a até meu papel nisso tudo."
A revista, que é de 1981, além de um texto biográfico, traz uma entrevista com o músico, que já trabalhava com o parceiro Vitor Martins, e vivia uma boa fase em sua carreira. Faz ainda uma análise de cada disco gravado por ele até então. Como se trata de uma edição especial da revista Violão & Guitarra, que era especializada em cifras para aprendizes de violão, a revista ainda traz muitas letras e gráficos para se acompanhar ao violão. A revista sempre destacava um astro da MPB, e Ivan Lins foi o destaque da vez.

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