Palavras Domesticadas

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terça-feira, 4 de setembro de 2012

A Primeira Vinda de Bob Dylan ao Brasil - 1990

Um dos grandes astros e mitos do rock, Bob Dylan fez sua primeira apresentação no Brasil no dia 25 de janeiro de 1990, na segunda edição do Hollywood Rock (a primeira havia acontecido dois anos antes). O festival, que teve várias edições, costumava trazer astros internacionais e bandas locais em apresentações no Rio e em São Paulo. Alguns anos depois, quando uma lei federal passou a proibir que empresas de cigarros e bebidas patrocinassem eventos populares, o Hollywood Rock, assim como o Free Jazz (patrocinado pela marca de cigarros Free)acabaram saindo de circulação do calendário musical do país. Naquela edição, o Hollywood Rock trouxe como atrações Margareth Menezes (em substituição a Gilbero Gil, cujo filho Pedro sofrera um acidente fatal dias antes da data de sua apresentação), Marillion, Bon Jovi, Terence Trent D'Arby, Eurythmics, Tears For Fears, Barão Vermelho, Engenheiros do Hawaii, Capital Inicial e Lobão, que se apresentou com a bateria da Mangueira.
Mas a grande atração do festival, pelo menos para aqueles que sabiam de sua importância para a história do rock, foi Dylan. A expectativa por sua primeira vinda ao país era tanta, que segundo uma nota publicada em um jornal dizia que o fã-clube oficial de Bob Dylan ordenou aos associados que, sempre que o trovador aparecesse na janela do hotel, todos ficassem de joelhos. Exageros à parte, a verdade é que a vinda de Dylan ao Brasil, pela primeira vez, significava um fato de grande importância para o show-bizz brasileiro. Numa matéria publicada em uma edição especial no Jornal do Brasil, assim o show de Dylan foi descrito:
"Guitarra prateada, terno preto com bordado country, o trovador se apresentou acompanhado de uma pequena banda: G.E. Smith na guitarra, Christopher Parkers no baixo e, na bateria, o discreto Tony Garnier. Chegou meio caladão, assim como saiu maio caladão. É seu estilo. Deu um ou outro 'tank you' e surpreendeu ao mostrar novos arranjos para antigos clássicos. Resultado: muita gente só reconhecia as músicas lá pela metade. Foi assim com Mr. Tambourine Man e, quem diria, até com Blowin'in The Wind os mais famosos versos de Dylan. Lay, Lady, Lay, mais espessa, e Like a Rolling Stone - uma concessão especial à plateia brasileira, já que não gosta muito de cantá-la -, mais lenta, foram completamente transformadas. As baladas do disco Oh, Mercy, de 1989, foram entoadas com a voz fanha de sempre - com destaque para Everything Is Brocken. Pouco mais de uma hora e meia depois de seus primeiros acordes, havia uma só constatação em 35 mil cabeças: uma lenda do rock havia pisado a Apoteose naquela noite. Revelando que, apesar (ou por causa) do tempo, tudo pode e deve mudar. As músicas, as pessoas, o mundo."

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