Palavras Domesticadas

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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Marina Lima É Rock'n Roll

Nos anos 80 a Editora Três lançou uma revista em edição especial destacando as mulheres no rock. A revista, intitulada Rockeiras, trazia em destaque várias mulheres que faziam parte do mundo do rock, como Janis Joplin, Chrissie Hinde, Carole King, Carly Simon, Joan Baez, Joan Jett, Nina Hagen, etc. Também trazia mulheres que faziam rock no Brasil, desde as pioneiras Cely Campelo e Wanderléia, até Rita Lee, Frenéticas a artistas mais recentes até então, como Marina Lima. Trazendo como título "Marina Morena, Simples como Fogo", a matéria dizia:
"Marina rockeira? Sim, por que não? É verdade que ela faz arranjos blues, baladas... Mas também, rock como ninguém. Um rock travesso, suave, gostoso. Tanto que com sua voz rouca consegue ser tão atraente e devasatadora quanto as grandes estrelas do show-bizz com suas toneladas de sons e berros monumentais. Quem já viu Marina no palco sabe disso.
Marina Lima, carioca, 30 anos, cantora e instrumentista. Com guitarra ou violão em punho, cria, transforma e reinventa músicas, muitas das quais já consagradas, como 'Mesmo que Seja Eu', na boca de Erasmo Carlos, e que se transformou num dos maiores sucessos de Fullgás, LP lançado em 84.
Pra mostrar seu verdadeiro trabalho, Marina, inicialmente, veio travestida de gata super sexy, rótulo usado pela gravadora para divulgar seu primeiro LP Simples como Fogo. Lançado em 78, o disco vinha recheado de blues e, ela, com sua voz quente recriava e cantava maravilhosamente Dolores Duran, Caetano Veloso, Moraes Moreira...
Marina sentia que era hora de colocar as coisas em seus devidos lugares, pois seu potencial não cabia apenas nesse ou em qualquer outro rótulo: afinal tinha uma proposta de trabalho bem definida. Por isso, quem quisesse falar com ela, deveria tratá-la como qualquer outro compositor, devendo perguntar sobre sua música, seu processo de criação nas composições e sua atuação no estúdio.
 Assim, ela mudou de gravadora, fez Olhos Felizes, seu segundo LP, que ainda foi lançado com resquícios da onda da gata sensual, mas que, aos olhos de quem sabe ver, deixava definitivamente claro qual era a dela.
Para fazer o terceiro disco do seu jeito, resolveu dar um xeque-mate: 'Ou vocês deixam fazer o que quero ou então largo a música e vou estudar.' Resultado: com o irmão Antonio Cícero, seu parceiro de sempre - ele faz e letra da maioria das músicas que ela canta - produziu Certos Acordes, um trabalho consistente, com cara, corpo e alma de Marina, e que acabou sendo um dos mais elogiados pela crítica em 81...
Deu certo, não deu? Mas Marina, na sua essência, segue a máquina das rockeiras de verdade: a vida é um tiro no escuro porque não existem modelos a serem copiados. No disco seguinte, Desta Vida, Desta Arte, voa mais alto e arrisca:
'Meu tempo (estou aprendendo)
... E nem quero mais a chave do mundo
Eu sempre mudo, nada é igual
Mas o fundamental
Pra mim é saber achar
O que esse tempo tem pra dar...'
Quanto aos shows, sua postura no palco seguiu o mesmo caminho a cada espetáculo surgia uma Marina mais mais forte, mais segura, que aos poucos tinha aprendido a conviver com uma plateia sempre muito ouriçada. Desfilando canções modernas, urbanas, tecnopop e tudo mais a que tem direito. Marina conseguiu um lugar definitivo entre as melhores da Música popular Brasileira."

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