Palavras Domesticadas

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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A Cor do Som: Uma Grata Surpresa de 1977 (2ª Parte)

"Quando a chance pintou, ainda não existia um trabalho, mas isso era apenas uma questão de orientar e canalizar as coisas. No dia da gravação nasceu a primeira e até então única composição do grupo: Pique Esconde. A música saiu livre e espontânea, como a brincadeira infantil que lhe deu o nome. O pessoal da Phillips gostou da gravação, mas queria ouvir alguma coisa mais conhecida, antes de dar a palavra final. O clássico Brejeiro de Ernesto Nazareth foi a música escolhida. Sem o exagero do 'novo' eletrificado e contagiante, a interpretação do grupo conservou o espírito da música de Nazareth e Brejeiro passou a fazer parte da memória auditiva de milhões de telespectadores, através da trilha sonora da novela Nina.
Mas isso só aconteceu mais tarde, quando a gravadora Warner tomou a decisão que a Phillips vinha protelando. O compacto sai em seguida, e daí para a preparação do primeiro LP, foi apenas a continuidade do trabalho iniciado com Pique Esconde e Brejeiro.
- As músicas foram surgindo naturalmente. A gente não tinha nenhum plano de trabalho, nada preparado ou programado  pra acontecer. Foi tudo uma decorrência da vivência musical de cada um, harmonizada pelo hábito de tocar juntos. Em um mês reunimos o repertório, ensaiamos e gravamos.
A banda já como quinteto, com Ari (segundo acima) na percussão
Nos estúdios, a gravação, que foi produzida pelo Guti, ainda contou com a colaboração dos percussionistas Joãozinho ('um cara gênio que ainda não teve oportunidade de mostrar seu trabalho') e Ari(*) ('aquela cuíca que impressionou Mick Jagger). A Cor do Som passou a existir e vibrar um colorido de tonalidades fortes mas nunca berrantes. Um quadro musical agradável aos ouvidos do crítico José Ramos Tinhorão, que deu a melhor nota do júri para Espírito Infantil, o chorinho do grupo que chegou às finais do Festival da TV Bandeirantes. Para o grupo, entretanto, isso não chega a ser uma surpresa, pois se como afirma Dadi, o LP Cor do Som é um disco que mostra muitas 'possibilidades', ele também é o resultado pronto de um trabalho de assimilação consciente de toda uma trajetória musical:
- Nós jogamos espontaneamente no disco todas as influências adquiridas através de nosso aprendizado. Nada foi censurado ou reprimido, mas naturalmente se chegou a um resultado definido, que deixa as coisas bem claras. O chorinho, por exemplo, nos motivou pela riqueza musical que oferece, mas isso não significa que a gente ia repetir tudo outra vez. Nós apenas seguimos a ordem natural das coisas, acrescentando, inovando..."

(*) Ari mais tarde seria incorporado como membro efetivo da banda

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