Palavras Domesticadas

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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Os Stones Visitando o Brasil - 2ª Parte

"Lutando contra as drogas e com o casamento em crise, Taylor veio ao Rio atrás de sossego, mas não conseguiu, mesmo ficando com amigos íntimos. 'Havia repórteres e fãs na porta da minha casa o tempo inteiro. Um dia, Mick, muito cansado, disse que eu estava me promovendo às custas dele. Minha mulher ficou uma fera e o expulsou de casa. Ele foi se hospedar com o Neville de Almeida e a Liége Monteiro. Mas, meses depois, quando voltei para Londres, fiquei novamente na casa dele, sem problema', lembra Brandão. No Rio, Taylor conheceu muitos outros brasileiros, como o jornalista Ezequiel Neves. 'Ficamos muito amigos. Ele era simpático, mas também tímido. Uma pessoa muito doce'
Em 1975, Mick Jagger veio mais uma vez ao Rio acompanhado da mulher Bianca e da filha Jade, hospedando-se na casa de Florinda Bulcão, no Joá. Sérgio Motta, diretor da Som Livre, era na época gerente de selo da gravadora Continental, que representava a Rolling Stones Records. 'Recebemos um telex da matriz dizendo que Jagger podia gastar sem limites. Eu deveria levar o dinheiro para pagar o aluguel da casa, mas carreguei, também, muitos aditivos, que o deixariam satisfeito, conta Motta, que passou a semana colado em Jagger. A Bianca não deixava ninguém se aproximar dele. Quando ela foi embora, levei-o a vários lugares. Na Privé, uma boate em Ipanema, ele levou o soco de um bêbado, que quase foi morto pelos seguranças. Mas ele gostava mesmo do Sótão, na Galeria Alaska, que não era apenas uma boate gay. Um dia o vi conversando com uma mulher muito bonita. Mas, na verdade, era um travesti. Disse isso baixinho para ele, que foi gentil e soube livrar-se com educação. Não era o que queria', lembra Motta, que promoveu o encontro de Jagger com o DJ Big Boy para a gravação de um programa de rádio, antes da ida do roqueiro a Búzios.
Mick Taylor no Brasil, com Ezequiel Neves
Motta também esteve junto de Charlie Watts em sua primeira visita ao Rio, em 1976. 'Ele ficou incónito. Saímos pouco, indo apenas a pontos turísticos e as restaurantes', recorda. Mas André Midani, diretor da Warner, organizou uma festa para Watts onde estiveram muitas personalidades  do meio artístico. 'A Rita Lee, que não foi convidada, levou amigos e quase foi barrada', afirma Motta.
Depois dessa visita, demorou para que os Stones voltassem. E, quando vieram, não foi apenas para passear, mas para trabalhar. Jagger veio em 1984 para gravar o clipe de seu primeiro disco solo, She's The Boss, trazendo com ele a mulher (agora Jerry Hall), o diretor Julian Temple e atores como Dennis Hooper e Rae Daw Chong. O músico Markú Ribas, que conheceu Jagger em 1968, chegou a trabalhar no filme, o que rendeu, mais tarde, a chance de ser o único brasileiro a gravar com os Stones. 'Foi no disco Dirty Works, em 1989, no estúdio da EMI em Paris. Eles são caras abertos e engraçados, mas muito profissionais', afirma o músico e percussionista mineiro."

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